Não sei se foi a capela de S. Gonçalinho que inspirou (também) uma forma particular de arquitectura no casario dos bairros de Beira-Mar e Vera Cruz. Ou se aquelas águas-furtadas apenas visavam alcançar um horizonte mais longínquo, cheio de luz e de Ria. Ou se a tradição é tão antiga que já se desconhecem as razões. Talvez a ignorância seja minha. Naquele dia, começava um novo ano. Boa razão para tirar os olhos do chão e olhar para cima. Descobri esta regularidade no topo do mundo de várias casas. Como um sinal de pertença.
.jpg)
.jpg)
.jpg)
.jpg)
.jpg)
.jpg)
.jpg)
.jpg)
.jpg)
.jpg)
.jpg)
Fotos MRF
2-01-2010
2-01-2010
2 comentários:
Rosário, é absolutamente delicioso o modo descomprometido como reune, neste unitário registo fotográfico, tantos e tão desconcertantes elementos arquitectónicos que, a mim, talvez por preconceito ou pudor, me estariam sempre vedados.
O rigor tecnico-profissional, ou "científico" a que o registo me iria obrigar, impedirme-ia sempre de colar verdades construídas que são, tão consistentemente, falsas construções patrimoniais a que a história, e as estórias, dariam facilmente outro sentido, desmontando a candura com que se propõe tão simplesmente o óbvio deslumbramento.
É precisamente esse registo visual, gráfico, que eu agradeço e aqui estimulo, porque a cidade e a vida que ela comporta cerecem deste rigor genuíno.
Tão genuíno como a falsa verdade urbana que o suporta.
Na realidade, não podemos cruzar a verdade do património construído com a verdade do espaço urbano construído, sem falar da traição que se perpetra cada dia, e que vai atraiçoando a memória e minando o conhecimento real das raízes, das tradições e dos elementos verdadeiros. Estes, por estarem documentados e serem conhecidos, merecem-nos em paralelo o olhar culto, crítico e informado, que separa analiticamente e se encanta, apenas até ao limite possível e razoável, permitido pelo saber.
Com toda a certeza, deveremos saber cuidar do pitoresco, e também do património, com o devido equilíbrio. Merecem-nos respeito e dedicação, mas não podemos iludir-nos com a falácia, que frequentemente converte a cidade em parque temático, do qual excluímos o génio verdadeiro do presente, e a consistência que o colectivo transporta em cada época para o seu território de proximidade, como expressão do seu valor. Não há que ter "medo de existir", hoje, encarando a outra cidade e revelendo as não verdades, ou inverdades, que a constroem de modo dissimulado, assobiando para o ar ou disfarçando o gesto. Também é disso mesmo que este registo fala com um vigor fantástico, e uma desconcertante inocência!
Parabéns e até breve.
João, obrigada pela simpatia e pelas palavras---- que nos levam a reflectir. Mantenho a curiosidade em relação a possíveis denominadores comuns, mesmo tendo em conta o desvirtuamento e o jogo de falsas ilusões construídas ao longo do tempo.
Um abraço
Rosário Fardilha
Enviar um comentário